O Policiamento Comunitário ou de Proximidade é um tipo de policiamento ostensivo que emprega efetivos e estratégias de aproximação, ação de presença, permanência, envolvimento com as questões locais, comprometimento com o local de trabalho e relações com as comunidades, objetivando a garantia da lei, o exercício da função essencial à justiça e a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do do patrimônio. A Confiança Mútua é o elo entre cidadão e policial, entre a comunidade e a força policial, entre a população e o Estado.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

UMA NOVA REALIDADE COM AS UPPs

Uma nova realidade com as UPPs - Editorial O Globo, 14/12/2010 às 19h30m

A reação positiva dos moradores de favelas beneficiadas pelas Unidades de Polícia Pacificadora é a maior evidência do acerto da política de aquartelamento de efetivos da Polícia Militar para resgatar áreas da cidade subjugadas pelo crime organizado. A extensão de tal apoio, perceptível na relação das comunidades com a PM desde o início dos movimentos de ocupação, pode ser também medida pelos números que saltam de um levantamento do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, cujos indicadores são mostrados na série de reportagens que O GLOBO começou a publicar domingo. Além da esperada adesão da população às UPPs nas áreas já beneficiadas, o estudo revela que também nas favelas onde tais unidades ainda não foram implantadas elas são inquestionavelmente aprovadas.

De acordo com a pesquisa, 92% dos moradores das favelas com UPPs as aprovam; nas comunidades que ainda não foram beneficiadas o percentual chega a 77% - ou seja, nestas áreas é inegável que a população local reclama a chegada da PM. Destes números resulta a constatação de que o estado dispõe inequivocamente de um programa capaz de mudar o perfil da segurança pública não só nas favelas, mas, pelo estrangulamento do crime organizado, em praticamente todo o Rio de Janeiro.

O levantamento do IBPS contém outros números, dos quais se pode inferir que as UPPs também ajudam a mudar a percepção da polícia. Isso se deve a fatores como a melhora nos indicadores de segurança da população beneficiada, e a própria convivência dos policiais nas comunidades. Segundo a pesquisa, em favelas resgatadas pela força pública a confiança na PM é mais que o dobro da registrada em áreas ainda não pacificadas (60% contra 28%).

Essas evidências de acerto estimulam uma especulação: é viável implantar UPPs em todas as favelas do Rio? Uma avaliação dos gastos estimados com as unidades de ocupação, que o jornal publicou ontem, mostra que se trata de ideia factível. Tomando por base o custo e o emprego de efetivos nas 13 UPPs já implantadas, estima-se que seriam necessários menos de 11 mil homens para ocupar as 107 favelas do Rio, com um investimento de R$ 321 milhões por ano - o equivalente a um milésimo do Produto Interno Bruto do estado. Obviamente, o governo não precisa trabalhar com a expectativa de ocupar todas as comunidades. Pela própria dinâmica da retomada de áreas subjugadas, aliada a ações de inserção do poder público nessas regiões, com serviços de inclusão na cidadania, haverá nas favelas um natural refluxo do crime organizado a níveis compatíveis com os de uma sociedade que mantém o banditismo sob controle.

A criação das UPPs, num primeiro momento de reação do Estado em defesa da sociedade contra as quadrilhas de traficantes ou de milicianos, e a ocupação do bunker do tráfico no Complexo do Alemão mostram que o governo estadual está no caminho certo. E abrem espaço para novas relações do poder público com regiões em que há históricas demandas de inversões urbanísticas. Neste sentido, por exemplo, o prefeito Eduardo Paes já anunciou que pretende recuperar bairros vizinhos aos complexos da Penha e do Alemão. O Rio tem pela frente, portanto, a oportunidade de mudar radicalmente seu perfil de segurança, social e urbanístico. Que não se perca tal momento.

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