O Policiamento Comunitário ou de Proximidade é um tipo de policiamento ostensivo que emprega efetivos e estratégias de aproximação, ação de presença, permanência, envolvimento com as questões locais, comprometimento com o local de trabalho e relações com as comunidades, objetivando a garantia da lei, o exercício da função essencial à justiça e a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do do patrimônio. A Confiança Mútua é o elo entre cidadão e policial, entre a comunidade e a força policial, entre a população e o Estado.

sábado, 10 de outubro de 2015

POLICIAIS DE UPP SOFREM ÓDIO DE MORADORES EM FAVELAS

 



Policiais de UPPs dizem sofrer “ódio” de moradores em favelas . Pesquisa da Universidade Candido Mendes detalha a situação dos PMs empregados nas Unidades de Polícia Pacificadora do Rio de Janeiro

HUDSON CORRÊA
REVISTA ÉPOCA 10/10/2015 - 01h09 -


 

A maioria dos policiais militares das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), instaladas nas favelas do Rio de Janeiro, acha que os moradores sentem “ódio, desconfiança e medo” deles. Grande parte afirma que fica insegura e também insatisfeita durante o trabalho de policiamento nos morros cariocas. Mas, como última esperança, eles ainda conservam uma opinião positiva sobre as unidades pacificadoras. Esses dados são da pesquisa UPPs: o que pensam os policiais, feita pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), da Universidade Candido Mendes, divulgada deste sábado (10). As pesquisadoras Silvia Ramos, Barbara Musumeci Mourão e Leonarda Musumeci entrevistaram 2002 policiais de 36 UPPs, entre 30 de julho e 19 de novembro de 2014. A amostra representa 21% do total de PMs nas unidades.



As UPPs em 2008 e ainda estão em expansão. Segundo o governo do Rio, as unidades pacificadoras têm a missão de retomar territórios dominados por traficantes de drogas e milicianos que agem armados com fuzis, metralhadoras e até granadas. O Cesec está na terceira rodada de pesquisas sobre o projeto. Atualmente, as unidades enfrentam uma onda de violência com mortes de policiais militares e de moradores, incluindo duas crianças de 11 anos neste ano.

Em 2010, na primeira sondagem, 66,5% dos entrevistados disseram que a maioria dos moradores tinha um “sentimento positivo” em relação a eles, policiais. Na segunda pesquisa, em 2012, a percepção de apoio caiu para 43,7%. Agora, no trabalho de 2014, apenas 25,1% acham que a população das comunidades os aprova. Para 60,1%, existe um “sentimento negativo” que, segundo eles, são “raiva, ódio, hostilidade, rejeição e aversão, desconfiança, resistência e medo”.

O Cesec perguntou se, nós últimos três meses, algum morador fez qualquer tipo de ofensa, pelo menos uma vez. Os números são surpreendentes: 65,8% relataram xingamentos, 63% reportaram desrespeito e 55,8% disseram terem sido alvos de arremesso de algum objeto. A Secretaria de Segurança Pública diz que essa última agressão vai da simples cusparada a um incrível caso do lançamento de um vaso sanitário sobre policiais militares, mas não deu detalhes sobre onde isso ocorreu.

“Como você se sente na maior parte do tempo, sendo policial de UPP”, perguntaram os pesquisadores. No questionário de 2012, 46,2% responderam que estavam satisfeitos, 26,4% insatisfeitos e 27,4% indiferentes. Em 2014, os índices passaram a apenas 28,3% de satisfeitos e 35,5% de descontentes. A pesquisa também perguntou se o policial se sentia seguro durante o trabalho na unidade pacificadora; 42,4% disseram que estão inseguros. O percentual aumenta em áreas mais violentas, que o Comando da PM define como áreas vermelhas.

Duas coisas importantes aconteceram entre as pesquisas de 2012 e 2014. As UPPs chegaram às áreas controladas pelos mais poderosos traficantes do Rio, como a Rocinha – na Zona Sul, a maior favela do Brasil com 69 mil habitantes – e o Complexo do Alemão, na Zona Norte, de onde partiam ordens para bandidos incendiarem carros e ônibus na cidade. Num segundo momento, os criminosos expulsos tentaram reocupar o território, usando táticas de guerrilha que causaram mortes de policiais militares. Em algumas favelas dos complexos do Alemão e da Vila Cruzeiro, percorridos por ÉPOCA, policiais militares visivelmente assustados patrulham becos estreitos sabendo que podem dar de cara com traficantes armados.

Algumas ações desastradas da PM alimentam o rancor dos moradores. Em julho de 2013, uma equipe da UPP da Rocinha torturou, matou e sumiu com o corpo do pedreiro Amarildo de Souza. Soldados com pouco preparo se envolvem em tiroteios que resultam na morte de inocentes, como a de uma criança de 11 anos no Alemão, em abril, e de outra da mesma idade no Complexo do Caju, em outubro. São cada vez mais frequentes os protestos em que moradores descem do morro até o asfalto com placas de "fora UPPs". O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, diz que a polícia está isolada nas favelas sem ajuda de outros órgãos responsáveis pela assistência social.

A primeira vítima dessa guerra foi a policial Fabiana Aparecida de Souza, assassinada na favela de Nova Brasília, no Alemão, em julho de 2012. O crime acendeu a luz amarela na segurança das UPPs porque, conforme a pesquisa do Cesec, as policiais mantêm menos contato com suspeitos de crimes e, por isso, possuem chances menores de ficar no meio de um tiroteio. Desde 2012 até agora, 23 policiais militares morreram em serviço nas UPPs. O caso mais recente foi o do soldado Caio Cesar de Melo, morto no começo do mês no Complexo do Alemão. Além de policial, Melo trabalhava com a dublagem de personagens de cinema. Era dele a voz de Harry Potter na versão brasileira.

O pessoal das UPPs representa 20% do efetivo total da Polícia Militar, porém 8 dos 18 policiais militares mortos em serviço em 2014 pertenciam às unidades pacificadoras. Isso quer dizer que um soldado de UPP tem atualmente maiores chances de ser assassinado em relação aos que trabalham nos batalhões convencionais da PM.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o aumento da violência provocou mudanças na estratégia de patrulhamento nas favelas. A pesquisa do Cesec mostrou que os grupos táticos, mais preparados para um conflito armado, empregavam 7,2% dos policiais em 2010. Agora o índice passou a 22,2%, enquanto a ronda a pé diminuiu.

A Secretaria de Segurança afirma que desde janeiro já treinou mais de 3 mil policiais, tanto para eles se protegerem melhor em eventuais confrontos, como para melhorar o relacionamento com moradores das favelas. Nem tudo está perdido. O Cesec mostra que 41% dos policiais ainda têm uma “opinião geral positiva” das UPPs contra 35,9% que a veem de modo negativo.

sábado, 26 de setembro de 2015

TERRITÓRIO DA PAZ NAUFRAGOU NO RS




ZERO HORA 26 de setembro de 2015 | N° 18306


LEANDRO RODRIGUES

TENTATIVA DE CHACINA NA CAPITAL. Guerra do tráfico chega a posto de saúde

HOMEM MORREU E SETE PESSOAS ficaram feridas após ataque no bairro Santa Tereza, em imediações de local que atende pelo SUS


Os tiros foram ouvidos no Pronto-Atendimento da Vila Cruzeiro (Postão) no começo da tarde de ontem. O som era de rajadas de submetralhadora. A torcida dos servidores para que fossem disparos para o alto terminou em minutos: uma multidão com feridos ensanguentados nos braços invadiu o local clamando por socorro.

O tumulto foi a sequência de uma tentativa de chacina na zona sul da Capital. As rajadas, por volta das 14h, deixaram um morto e sete feridos na Rua Nossa Senhora do Brasil, via atrás do Postão, no bairro Santa Tereza. Ademir Rodrigo Carpes, 34 anos, conhecido como Biquinha, não resistiu. Segundo a BM, quatro homens em um carro usavam uma submetralhadora contra o grupo. O setor de emergência foi invadido por uma horda de familiares e vizinhos exigindo, aos gritos, atendimento para todos.

– Trabalho há 25 anos aqui. Nunca tinha visto nada parecido. Ficamos todos apavorados. Demos conta o melhor possível – disse o médico Eduardo Osório, chefe do Serviço de Pediatria.

Conforme os funcionários, era para Carpes que mais exigiam atenção. O pavor foi tanto, que ele acabou atendido mesmo morto. Chegou a ser levado de ambulância para o HPS.

– Eles diziam que ele estava respirando. O que podíamos dizer? Tratamos como vivo – afirmou uma atendente.

Os sobreviventes foram encaminhados para o HPS e para o Hospital Cristo Redentor. Até a noite de ontem, recebiam atendimento.

TERRITÓRIO DA PAZ NAUFRAGOU

O tiroteio que deixou um morto e sete feridos no bairro Santa Tereza reacende uma discussão sobre a desativação da base dos Territórios da Paz no local. A unidade funcionava na Rua Nossa Senhora do Brasil, justamente onde começou a confusão, com uma tentativa de chacina na tarde de ontem.

O programa foi implantado pela Secretaria da Segurança Pública, em 2011, para conter o avanço da criminalidade em bairros violentos da Capital. Entre outras medidas, o projeto estabelecia a instalação de bases policiais e a realização de ações sociais nas áreas atendidas.

No Santa Tereza, em junho, o programa foi praticamente desativado. Móveis foram recolhidos, e a partir de então, apenas um policial militar passou a ficar no local.

terça-feira, 3 de março de 2015

POLÍCIA DE PROXIMIDADE REDUZ ROUBOS

JORNAL EXTRA, CASOS DE POLÍCIA, 03/03/2015


Pedro Zuazo


Comandante diz que CIPP já dá resultados: em uma semana, menos de um roubo por dia


Capitão Matheus diz que a companhia deu um “plus” no policiamento normal feito pelo 6º BPM. Foto: Pedro Zuazo


Inaugurada no último dia 24, no Grajaú, a 1ª CIPP (Companhia Integrada de Polícia de Proximidade) mostra seus primeiros resultados. Segundo o capitão Gustavo Matheus, de terça a sexta-feira foram registrados apenas três roubos contra pedestres na 20ª DP (Vila Isabel), o que dá menos de um roubo por dia. Em janeiro, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), houve 81 registros da mesma natureza, uma média de 2,61 roubos por dia. Significa que em quatro dias, na semana passada, a região teve o mesmo número de registros que costumava ter num único dia.

— Acredito que a redução nos índices de criminalidade seja resultado da CIPP, que deu um “plus” no policiamento normal, que continua a ser feito pelo 6º BPM (Tijuca) — diz o capitão Matheus, de 30 anos, comandante da 1ª CIPP.

Na semana passada, a Polícia de Proximidade também recuperou um carro roubado e prendeu dois usuários de drogas em flagrante. De acordo com o capitão Matheus, o maior desafio é coibir as tentativas de roubos praticadas por ladrões em bicicletas.

— Em grande parte das vezes, eles não portam armas de fogo ou brancas, então, mesmo se houver suspeita, às vezes não temos provas para detê-los, a não ser em flagrante — diz o comandante, que vai se reunir com moradores e comerciantes do Grajaú nesta quarta-feira, à noite: — A intenção é fazer um policiamento voltado para o problema real deles.

Os prometidos cartões de visita que serão distribuídos pelos policiais com telefones para contato ainda não ficaram prontos. Enquanto isso, os moradores podem ligar para o número 96971-4334.

— Nesse início, eu mesmo estou atendendo algumas ligações — garante Matheus.

Opiniões divididas

Na última quinta-feira, o jornaleiro Marcelo Lucas, de 53 anos, teve sua banca assaltada numa esquina movimentada do Boulevard 28 de Setembro, em Vila Isabel, ao meio-dia. O roubo, que não foi registrado, não foi o primeiro.

— Aqui tem assalto toda hora. Ontem mesmo teve numa farmácia aqui perto. Nos pontos de ônibus da Rua Teodoro da Silva, ninguém pode nem ficar esperando — diz ele, que tem visto os policiais da CIPP fazendo ronda: — Até anotei o telefone. Mas acho que a situação na região está muito ruim.


O jornaleiro Marcelo Lucas, de 53 anos, teve a banca assaltada na última quinta-feira, em Vila Isabel Foto: Pedro Zuazo

Essa também é a opinião de Antonio Gonzalez, de 50 anos, comerciante no Grajaú:

— Acho que só a presença física dos policiais não está fazendo diferença nenhuma.

Já a aposentada Isa Negrão, de 68 anos, que mora no Largo do Verdun, comemora:

— Estou achando ótimo, formidável o aumento do policiamento nas ruas.




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