O Policiamento Comunitário ou de Proximidade é um tipo de policiamento ostensivo que emprega efetivos e estratégias de aproximação, ação de presença, permanência, envolvimento com as questões locais, comprometimento com o local de trabalho e relações com as comunidades, objetivando a garantia da lei, o exercício da função essencial à justiça e a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do do patrimônio. A Confiança Mútua é o elo entre cidadão e policial, entre a comunidade e a força policial, entre a população e o Estado.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

O que é Polícia Comunitária?




Policiamento Comunitário: Conceito

Definir Policiamento Comunitário não é fácil, até porque há que se ter cuidado ao fazê-lo, a fim de não transmitir uma imagem de que se trata apenas de mais uma técnica ou iniciativa localizada e pontual. Na verdade, como já foi visto, ele já existia, e com a evolução dos tempos sofreu processos de mudanças que acabaram por descaracterizá-lo, mercê do avanço tecnológico, especialmente de materiais e também em razão de políticas de Segurança Pública equivocadas, decorrentes do adensamento populacional das cidades.

No entanto, um conceito, pelo menos, é necessário, para que se possa compreender melhor o seu alcance. Trajanowicz e Buqueroux definiram-no como:

"Uma filosofia e uma estratégia organizacional que proporciona uma nova parceria entre a população e a polícia, baseada na premissa de que tanto a polícia quanto a comunidade devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas contemporâneos , como crimes, drogas, medos, desordens físicas, morais e até mesmo a decadência dos bairros, com o objetivo de melhorar a qualidade geral de vida na área."



Panorama Mundial


1 - OS EUA

Nos Estados Unidos, em estudos realizados recentemente, verificou-se que com o advento do automóvel, o policial foi se afastando paulatinamente de um convívio mais estreito com as pessoas. Abrigado contra intempéries, patrulhando ligeiramente ruas e logradouros, sem observar detalhes e sem colher informações preciosas, o policial passou muito mais a reprimir do que a prevenir delitos.

Em diversas experiências realizadas em cidades americanas, constatou-se que o aumento ou diminuição dos recursos policiais, tanto humanos quanto tecnológicos, não influenciava decisivamente na queda dos índices de criminalidade e mesmo na melhora da sensação de segurança pela população. A técnica criada na década de 70, conhecida como tempo resposta (tempo que uma patrulha, depois de acionada pelo rádio, demorava para chegar ao local do fato) mostrou-se insuficiente para prevenir a criminalidade, determinando, ao contrário, um aumento no número de ocorrências atendidas pela polícia.

Assim, mesmo sendo um país adiantado, os EUA levaram cerca de 40 anos para se aperceberem das necessidades de mudanças, sendo que suas experiências com o novo conceito de polícia comunitária datam de 1990. Esse fenômeno se verificou na maioria das localidades, em todos os países, especialmente em regiões metropolitanas e nas grandes cidades. No entanto, em alguns países, o sistema comunitário de polícia foi preservado, sendo o melhor exemplo o Japão e, a seguir, a Inglaterra.

2 - O JAPÃO

O modelo de Policiamento Comunitário praticado no Japão data de 1874, portanto há mais de 100 anos, e, baseia-se na visualização do policial através dos postos de policiais e na sua interligação através de patrulhas à pé, em bicicleta ou motoneta.

O Japão, pais com dimensões pouco maiores que nosso Estado e com cerca de 130 milhões de habitantes, possui cerca de 15.000 postos de policias, sendo que 80500 são ocupados por um único policial, pois o posto nada mais é que sua própria residência, onde vive com sua família. Todos os postos são ocupados com telefone, rádio e computador mas a atividade principal do policial japonês é o patrulhamento, normalmente a pé ou em bicicleta, visitando famílias, comerciantes, diretores de escolas, enfim, completamente integrado a uma pequena comunidade. O mais importante é que as pessoas, ao necessitarem da polícia, sabem sempre a quem recorrer e aonde. Além disso, os recursos propiciados pela tecnologia moderna forma judiciosamente aplicados no Japão, preservando-se, porém, a proximidade do policial das comunidades, sem perder a simbiose, preexistente entre polícia e povo.

Por sua eficácia na prevenção de delitos (um dos mais baixos índices do mundo) e pelo reconhecimento obtido junto à população, que realmente se sente segura (efetividade), é que crescente número de países passaram não só a estudar mas a implantar a experiência japonesa, destacando-se dentre este os EUA e até mesmo a Inglaterra, que possui tradição em Policiamento Comunitário.

Em São Paulo, a cidade de Ribeirão Preto possui, em andamento, uma experiência semelhante, assim como Jundiaí. Além dessas iniciativas, algumas Cia Btl da região metropolitana também começaram a desenvolver algumas experiências de Policiamento Comunitário, a saber: 2ª e 4ª ia do 12º BPM/M, a 1ª e 2ª ia do 16º BPM/M, a 3ª Cia do 18º BPM/M e mais recentemente o 7º BPM/M.

Tais iniciativas, apesar de isoladas, tendem a consolidar, desde que os princípios de Policiamento Comunitário se estendam e envolvam toda a Corporação, passando, dessa forma, a fazer parte de uma estratégia organizacional da Instituição, cuja missão principal é servir e proteger a população.


O Envolvimento dos Seis Grandes

Para conseguir êxito no processo de implantação e na consolidação do Policiamento Comunitário, não há como prescindir da colaboração e do envolvimento dos seis grandes, a saber:

a. Organização Policial; b. A Comunidade Residente; c. As Autoridades Cívicas Eleitas; d. A Comunidade de Negócios; e. Outras Instituições, federais, estaduais e municipais, sobretudo; f. A Mídia.

Concluindo, cabe ressaltar que o Policiamento Comunitário não possui o mister de, por si só, responder pela prevenção ampla dos delitos no estrato social. É sabido e notório que a prevenção da criminalidade deve processar--se necessariamente em três níveis, ou seja:

1. Nas ações de governo, compreendendo investimentos na área de educação e saúde, na geração de empregos e na distribuição de renda;

2. Leis fortes e eficazes que cominem penas severas para os crimes violentos e tornem os processos judiciais ágeis e descentralizados, como convém ao princípio de justiça, devendo tal mediada estar aliada a um aparato policial bem preparado, equipado e motivado, que não só aja de forma ostensiva e preventiva, mas que também possua rapidez e eficácia nos processos investigativos e consequentemente na elucidação dos delitos ocorridos;

3. O sistema carcerário é o responsável pelo terceiro nível de prevenção. Sua missão é manter recluso em segurança o condenado pela justiça, mas, sobretudo trabalhar pela sua plena recuperação, preparando-o para reintegrar-se à sociedade de forma produtiva e participativa. Este terceiro nível de prevenção é fundamental, uma vez que se sabe que 80% dos crimes ocorridos na região metropolitana de São Paulo são praticados por reincidentes, que já foram, um dia, presos, processados e julgados.

Por tudo isso, é que se sabe que a implantação do Policiamento Comunitário em São Paulo deverá ser um processo lento, progressivo e perene, semelhantemente ao que ocorreu e ocorre em vários países. Entretanto, o início de sua implantação, aliado a iniciativas dos demais segmentos da sociedade, não deve ser postergado, sob pena de se perder a grande oportunidade de recuperar a qualidade da vida comunitária.


Os 10 Princípios da Polícia Comunitária

Para uma implantação do sistema de Policiamento Comunitário é necessário que todos na Instituição conheçam os seus princípios, praticando-os permanentemente e com total honestidade de propósitos. São eles:

a. Filosofia e Estratégia Organizacional - A base desta filosofia é a comunidade. Para direcionar seus esforços, a Polícia, ao invés de buscar idéias pré-concebidas, deve buscar, junto às comunidades, os anseios e as preocupações das mesmas, a fim de traduzi-los em procedimentos de segurança;

b. Comprometimento da Organização com a concessão de poder à Comunidade - Dentro da comunidade, os cidadão devem participar, como plenos parceiros da polícia, dos direitos e das responsabilidades envolvidas na identificação, priorização e solução dos problemas;

c. Policiamento Descentralizado e Personalizado - É necessário um policial plenamente envolvido com a comunidade, conhecido pela mesma e conhecedor de suas realidades;

d. Resolução Preventiva de Problemas a curto e a longo prazo - A idéia é que o policial não seja adicionado pelo rádio, mas que se antecipe à ocorrência. Com isso, o número de chamadas do COPOM deve diminuir;

e. Ética, Legalidade, Responsabilidade e Confiança - O Policiamento Comunitário pressupõe um novo contrato entre a polícia e os cidadãos aos quais ela atende, com base no rigor do respeito à ética policial, da legalidade dos procedimentos, da responsabilidade e da confiança mútua que devem existir;

f. Extensão do Mandato Policial - Cada policial passa a atuar como um chefe de polícia local, com autonomia e liberdade para tomar iniciativa, dentro de parâmetros rígidos de responsabilidade. O propósito, para que o Policial Comunitário possua o poder, é perguntar-se:

§ Isto está correto para a comunidade?
§ Isto está correto para a segurança da minha região?
§ Isto é ético e legal?
§ Isto é algo que estou disposto a me responsabilizar?
§ Isto é condizente com os valores da Corporação?

Se a resposta for Sim a todas essas perguntas, não peça permissão. Faça-o!

g. Ajuda às pessoas com Necessidades Específicas - Valorizar as vidas de pessoas mais vulneráveis: jovens, idosos, minorias, pobres, deficientes, sem teto, etc. Isso deve ser um compromisso inalienável do Policial Comunitário;

h. Criatividade e apoio básico - Ter confiança nas pessoas que estão na linha de frente da atuação policial, confiar no seu discernimento, sabedoria, experiência e sobretudo na formação que recebeu. Isso propiciará abordagens mais criativas para os problemas contemporâneos da comunidade;

i. Mudança interna - O Policiamento Comunitário exige uma abordagem plenamente integrada, envolvendo toda a organização. É fundamental a reciclagem de seus cursos e respectivos currículos, bem como de todos os seus quadros de pessoal. É uma mudança que se projeta para 10 ou 15 anos;

j. Construção do Futuro - Deve-se oferecer à comunidade um serviço policial descentralizado e personalizado, com endereço certo. A ordem não deve ser imposta de fora para dentro, mas as pessoas devem ser encorajadas a pensar na polícia como um recurso a ser utilizado para ajudá-las a resolver problemas atuais de sua comunidade.

Funções do Policial Comunitário

a. Apresentação à comunidade, contato corpo a corpo, integrando-se a esta;
b. Ronda constante;
c. Contatos com lideranças locais;
d. Reunir informações;
e. Participar das reuniões comunitárias;
f. Coordenar e intermediar serviços e ações de outras instituições;
g. Administrar crises e problemas locais, encaminhando-os, caso não consiga solucioná-los;
h. Exercer plenamente as atividades de Polícia, orientando, apaziguando, mas também prendendo se necessário.


Supervisão e Avaliação de Desempenho

Além do exemplo e do fazer junto, que deve ser a tônica das ações dos diversos escalões de Comando da Instituição, seus procedimentos devem ser orientados para:
a. Ênfase no processo de reconhecimento e de reforço aos certos do trabalho policial, procurando formas de incentivos à manutenção e até elevação do nível motivacional da tropa;

b. Ação corretiva, firme e imediata, nos casos que maculem os princípios éticos, disciplinares, legais e de responsabilidade;

c. Respeito profundo à dignidade do subordinado, como pessoa e como profissional;

d. Trabalhar intensamente para a formação de um time, na busca da qualidade dos serviços prestados;

e. Estar atento aos índices de criminalidade, tornando-os cada vez mais específicos, ágeis e localizados geograficamente, de maneira a orientar o trabalho policial e possibilitar a cobrança de desempenho, fornecendo, assim, respostas rápidas e oportunas às comunidades;

f. Estar atento às pesquisa de opinião, como forma de conhecer a sensação de segurança dos cidadãos, nas diversas comunidades e de analisar o desempenho de seus colaboradores.



Passos para Implantação

1. MUDANÇAS ESPERADAS:

a. Reciclagem de todos os cursos e currículos existentes, bem como de todo efetivo da Organização;

b. Adotar os procedimentos puramente preventivos, de curto e de longo prazo, em relação aos crimes e contravenções, sendo a reação imediata apenas um recurso de proteção à vida e à integridade de pessoas e patrimônios;

c. Tomar o PM um agente de mudanças, pró-ativo e um simbiose com sua pequena comunidade;

d. O PM deverá ajudar combater as causas da criminalidade e não apenas o crime;

e. Sua formação deve ser generalista e deverá estar apto a crise e a resolver problemas, coordenando a ação de outros órgãos e/ou comunidades de interesse;

f. O conceito de trabalho por hora deve ser trocado pelo conceito de área de trabalho. O posto policial se torna de vital importância na implantação do Policiamento Comunitário e sua necessária descentralização;

g. A atividade de patrulha deve basear-se em deslocamentos lentos (a pé, bicicletas, motonetas), sempre buscando detalhes e informações. A delimitação de área é fundamental nesta atividade.

Fonte: Secretaria de Segurança e Justiça - São Paulo

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

OS PIONEIROS DA BM





Em 1960, quando a Brigada Militar dava seus primeiros passos para o policiamento ostensivo, foi publicado pela Livraria Sulina, como coletânea policial militar, o Manual de Instrução Policial para os Destacamentos, elaborado por um jovem, genial e visionário oficial de cor negra, franzino e astuto, chamado Ten Luiz Iponema, hoje Coronel da Reserva e mestre em Segurança Empresarial, que ensinava, já naquela época, as formas de aproximação e de relacionamento da polícia com a comunidade, afirmando que esta era a bússola para atingir a eficácia na atividade de policiamento contra o crime. Este livro foi transformado em manual e distribuído para todos os membros da Corporação, com o aval do então Comandante Geral da Brigada Militar, Cel Diomário Moogen, expressando esta ordem em Boletim Geral n° 66 de 22 de março daquele ano.

Em 1970, outro Oficial da Brigada Militar, José Celi Filho, após participar de um curso na Academia Internacional de Polícia em Whashington, trouxe para o Estado novas estratégias policiais que foram publicadas no seu livro intitulado “Policiamento Urbano”. No livro se fortaleciam o comprometimento dos policiais para com a responsabilidade territorial. A idéia era aprimorar o policiamento de rua assumida diante da extinção das Guardas Civis e da imposição legal que passava às forças militares estaduais o exercício exclusivo do policiamento ostensivo.

Em 1972, pela dedicação que tinha à operacionalidade, Nilo Ferreira lançou e foi aprovado pelo Comandante Geral da Brigada Militar o manual "Patrulheiro Urbano” que estipulava vários procedimentos na execução do policiamento, entre as quais a responsabilidade territorial e o comprometimento com a segurança da população local. No mesmo ano, o então Ten Vanderlei Martins Pinheiro realizou um programa de policiamento na 3° Cia do 11° BPM, baseado em conceitos constantes no artigo “Puesto Policial de Tambol, símbolo da seguridad”, publicado na revista da Academia Internacional de Polícia, que permitiu uma interface destes conhecimentos com as idéias Ten Cel Nilo que era o Comandante da Unidade.

Em 1982, precisamente na 5° Cia do 1° BPM em Porto Alegre, desenvolveu-se o programa denominado “Policiamento de Bairro”, por iniciativa do então Cap José Fredo Landa Cardoso com o propósito de “criar e manter na população a tão desejada sensação de segurança, da qual tanto carece”, assumindo o espírito “prioritariamente preventivo do policiamento da Corporação”. Este trabalho já estabelecia um plano de aproximação da polícia à população que incluia a colaboração dos moradores das periferias e várias ações preventivas que estimulavam o relacionamento e a integração da Brigada nas comunidades.

Em 1983, o então Cmt Geral da Brigada Militar, Cel Nilson Narvaz reconhecia a importância e as dificuldades para a implantação do policiamento de quarteirão, e tendo o apoio do Secretario de Segurança Pública, Deputado Romeu Martinelli, teve a idéia de implementar a nível institucional uma filosofia que promovesse a integração e o entendimento da polícia com os segmentos da comunidade. Foi então que o então o Cel Lauro Prestes Neto, que comandava a região metropolitana, por ocasião do Aniversário da Brigada Militar, lançou um concurso de monografia sobre o tema “Policiamento de Quarteirão”. Existia uma boa oportunidade de disseminar a filosofia, já que fazia parte da meta do governo gaúcho. Como o sentido de “Quarteirão” era o mesmo de “Posto”, termo técnico utilizado na polícia militar brasileirra, o concurso recebeu o nome de “Policiamento de Posto”, inscrevendo-se vários trabalhos que foram compilados pelo então Cap Vanderlei Martins Pinheiro sob o título“ A Polícia de Quarteirão, uma idéia setorizada” (1988). Ganhou o concurso, o 1° Ten Francisco de Paula Fernandes Neto, relacionando critérios técnicos e logísticos com as características do território e população entre os quais o entrosamento com a comunidade, o comprometimento com a responsabilidade territorial e a preocupação com a proporção "pm x população" e a adequação "homem x local de trabalho", destacando vantagens obtidas desta aproximação e relacionamento.

 

Em 1985, nós lançamos esta estratégia em São Luiz Gonzaga, no 14º BPM, durante o comando do hoje Cel Clóvis Mamedes da Silva de Lima, desenvolvendo a execução do policiamento de quarteirão através de um livro do posto que constava os dados dos moradores e comércio local e o policiamento aproximada nas escolas com policiais de motos que ficaram conhecidos pelas crianças como "Chips" (referencia ao seriado de TV famoso na época). Com um computador CP 400, palestras eram realizadas em todas as frações da unidade para difundir as ideias de policiamento comunitário.

Há também  a extraordinária obra do então Capitão Cap Julio César Araújo Peres que no 11ºBPM desenvolveu esta filosofia na zona norte de Porto Alegre e posteriormente, no ano 2000, guindado à Adjunto de Policiamento Comunitário do EMBM, difundiu a ideia em nível institucional. 


 Cel Luis Iponema


“A nossa homenagem a estes homens de visão e persistência.”


segunda-feira, 22 de outubro de 2007

BM intimida o tráfico e o roubo de carro


Operação da BM intimida tráfico


Porto Alegre - Operações da Brigada Militar ocupando o centro da cidade e os bairros da periferia impedem ações e influência de criminosos, livrando as comunidades de se tornarem reféns da insegurança. A ação na rua Marechal Floriano foi a partir de uma reportagem em Zero Hora sobre a venda e o consumo de entorpecentes na via e de reclamações dos moradores. A união da BM com os moradores locais, apoiados pela mídia, fortalece e impõe o combate ao crime, foi enaltecida pela faixa exposta no local. O Jornal Zero Hora já havia retratado o drama de quem mora naquela região e "convive com uma rotina de brigas e mortes. Em pleno centro da Capital, pelo menos seis pessoas já foram assassinadas desde o início do ano. A maior parte dos casos, segundo a polícia, está relacionada a rixas entre gangues que disputam a hegemonia do tráfico na região, transformada em ponto de encontro de jovens nas madrugadas. Na mesma noite da primeira publicação, a Brigada Militar realizou operação no local, com o apoio da Polícia Civil. Ao final da ação, porém, nenhuma droga foi apreendida e ninguém acabou atrás das grades (ZH 22out2007)". Entretanto, mesmo identificados, os fornecedores e vapozeiros não ficam presos e são soltos pelos benefícios do ordenamento jurídico e da ineficácia da atual estrutura de ordem pública vigente no Brasil. Fazem parte de uma gama de exemplos que desmotivam agentes policiais, promotores e cidadãos que querem que ordem e justiça neste país. ( foto de Wesley Santos - ZH)

Barreiras

As barreira móveis e de inopino são mais eficazes que as fixas, salvo se houver um objetivo específico de cerco. Como o trânsito é responsabilidade do município, estas podem ser focadas no transporte de armas, drogas e veículos roubados e só deveriam ser realizadas pelas patrulhas de contenção que estão melhor preparadas que o pessoal administrativo ou de policiamento geral. O motivo é a iminência do conflito armado, e para isto as patrulhas de contenção estão melhor preparadas e adestradas.


Presença real e potencial

É dos mais importantes princípios do policiamento ostensivo não muito observado nos dias atuais, principalmente após as 19 horas. Após saudadas e exitosas operações, a polícia se retira abandonando o cidadão à sua própria sorte. A presença real é a manutenção do efetivo policial em território perfeitamente definido para sua atuação e responsabilidade, enquanto que a presença potencial é o atendimento rápido de uma ocorrência, aumentando o perímetro de atuação. Como existe falta de pessoal, os governantes estão optando em investir em viaturas, dando prioridade à presença potencial, desprezando a real. Entretanto, só a presença real poderá resgatar a confiança na polícia e o comprometimento dos policiais com o local de trabalho. As estratégias de policiamento ostensivo geral deveriam priorizar ações de policiamento comunitário em postos de patrulhamento fixado em locais estratégicos para conhecimento público. Nestes locais, a instalação de módulos, sem a obrigação de manter um policial de guarda, serve para marcar a presença real do Estado. Lee Brown, em seu relatório de 1990, ao discorrer sobre pontos fortes e fracos do Departamento Policial de Nova York, do qual era comissário chefe, destacou que investimentos em viaturas afastavam o policial do cidadão. Nenhuma tecnologia consegue substituir a razão e o relacionamento humano. Se o agente atua motorizado, ele aumentará seu raio de ação, atenderá com maior rapidez as ocorrências e o socorro aos seus colegas em perigo, mas se distanciará do relacionamento com as pessoas da comunidade e do comprometimento como o local de trabalho. Os gestores devem harmonizar o emprego destes processos, para que um não se sobreponha ao outro, mas que possam interagir.


sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Policiamento Ostensivo - Características, Princípios e Variáveis

Para relembrar - a todos que trabalham no policiamento ostensivo, na proteção do cidadão contra todos os tipos de ameaça à paz social e na preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Características do Policiamento Ostensivo:

  1. Ação Pública
  2. Legalidade
  3. Totalidade
  4. Ação de Presença
  5. Dinâmica

Princípios do Policiamento Ostensivo:

  1. Universalidade
  2. Emprego Lógico
  3. Responsabilidade Territorial
  4. Antecipação
  5. Continuidade
  6. Profundidade
  7. Aplicação
  8. Unidade de Comando
  9. Isenção
  10. Objetivo

Variáveis do Policiamento Ostensivo:

  1. Tipo

Policiamento Geral, Discreto, Especial, de Trânsito, Rodoviário, Florestal e de Mananciais, e de Guarda.

  1. Processo

A pé, motorizado, montado, aéreo, em embarcações e em bicicleta.

  1. Modalidade

Patrulhamento, Permanência, Diligência e Escolta

  1. Circunstância

Ordinário, extraordinário e especial

  1. Lugar

Urbano e Rural

  1. Efetivo

Fração elementar e Fração constituída

  1. Forma

Desdobramento e escalonamento

  1. Duração

Jornada e Turno

  1. Suplementação

Cão, comunicações, armamento, equipamento peculiares, equipamentos de segurança individual, viatura e outros.

  1. Desempenho

Atividade de linha e atividade auxiliar.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Policiamento Comunitário

Neste blog iremos tratar sobre a filosofia, estratégias e táticas de policiamento comunitário, oportunizando o relacionamento e a integração do policial com a comunidade e fomentando um comprometimento com a responsabilidade territorial. Esta filosofia, que já foi empregada com sucesso no Brasil antes do regime de exceção, mas foi esquecida por alguns e aplicada por uma minoria visionária que acredita numa ação policial comprometida com o local de trabalho e aproximada do cidadão.

A prioridade pela prevenção, a realização de diagnósticos, a valorização do agente policial, as relações com a comunidade, a presença real e potencial, o patrulhamento a pé, o compromisso social da Polícia e a responsabilidade territorial nas comunidades são ações e princípios que se distanciam a medida que aumentam a impotência e as dificuldades do Estado, assim como as necessidades básicas das pessoas.

O Brasil vem enfrentando ameaças à paz social e à liberdade da nação, assim como já ocorreu em outros países como os Estados Unidos, Itália e Colômbia. Corruptos, gângsteres e mafiosos dominaram territórios, se infiltraram na polícia e na justiça e influenciaram poderes. Contra estas ameaças, houve levantes, manifestações, atos heróicos e vítimas inocentes que mudaram leis e comportamentos, fortalecendo a autoridade e as instituições. Os Políticos passaram a respeitar e fortalecer a Justiça, esta se aproximou da Polícia que passou a auxiliar os magistrados e promotores, e a Sociedade ficou mais solidária e cobradora dos atos de seus representantes. Nos EUA, a partir de Nova York, relatórios revelaram o distanciamento e a necessidade de mudanças na política, na justiça, no sistema prisional e na polícia. Tais mudanças tiveram o apoio imediato da população devido às características, ordenamento jurídico e cultura do povo americano. Na Itália, a influência da máfia foi combatida pela veemência da população que exigiu uma postura dos Poderes de Estado e maior participação da Justiça e aproximação da Polícia. No Japão, a cultura da solidariedade e a participação social e comunitária definiram o envolvimento policial com as questões locais.

Enquanto isto, no Brasil, as forças públicas estaduais foram divididas, as leis se tornaram tolerantes, a justiça manteve-se morosa e burocrática, a polícia repressiva e as comunidades, desconfiadas e submissas, se tornaram reféns da insegurança.

A justiça distanciou-se e acumulou processos, o ministério público aumentou suas atribuições e poderes para controlar e interferir nas ações policiais, a polícia civil sobrecarregou-se nos inquéritos policiais e, desmembrada, ficou sem a atividade pericial, e as polícias militares, apesar do fim policial, passaram a ser depreciadas pela sua estrutura militar, e o sistema prisional sem infra-estrutura e pessoal entrou em estado falimentar e de desrespeito aos direitos humanos. O povo, amedrontado diante da truculência e da impunidade, passou a individualizar a sua luta pela sobrevivência por não confiar nos Poderes de estado, deixando assim de colaborar com a justiça e com a polícia.

Na atividade de policiamento ostensivo, o patrulhamento a pé acabou preterindo pelo motorizado, o contato com a comunidade parecia estímulo à favorecimentos e comprometimentos pessoais, e as ações repressivas e reativas passaram a ser estratégias mais eficazes que as preventivas. Foi abandonada a responsabilidade territorial que exigia dos policias o compromisso com o local de trabalho e o contato pessoal com os moradores. As investigações se perderam no emaranhado formal e burocrático dos inquéritos e a perícia perdeu a capacidade intuitiva e particular da investigação. Atualmente, planos pontuais, isolados e corporativos com influência política partidária substituem os estratégicos e as ações se distribuem e se sobrepõem sem continuidade ou solução para a preservação da ordem pública.

Lideranças policiais de espírito crítico e inovador, contrariando interesses e pensamentos adversos, ainda lutam na tentativa de aproximar a polícia das comunidades e estas da solidariedade e do exercício da cidadania e do civismo na defesa das leis, do direito e da ordem pública. Precisou surgir a filosofia de policiamento comunitário como uma forte tendência mundial para ser aplicada nas estratégias de policiamento para que estes inovadores tivessem crédito e espaço para criar e liderar políticas voltadas aos interesses locais e comunitários.