O Policiamento Comunitário ou de Proximidade é um tipo de policiamento ostensivo que emprega efetivos e estratégias de aproximação, ação de presença, permanência, envolvimento com as questões locais, comprometimento com o local de trabalho e relações com as comunidades, objetivando a garantia da lei, o exercício da função essencial à justiça e a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do do patrimônio. A Confiança Mútua é o elo entre cidadão e policial, entre a comunidade e a força policial, entre a população e o Estado.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

PRISÕES E APREENSÕES NO TERRITÓRIO DA PAZ EM PORTO ALEGRE

AÇÃO NA RESTINGA. Prisões e apreensões no Território da Paz - EDUARDO TORRES, ZERO HORA 28/12/2011

Depois de quase quatro meses da instalação do primeiro território da paz na Capital, ontem, a Polícia Civil e a Brigada Militar agiram em conjunto para mostrar na prática o projeto de pacificação na Restinga. E a ação pode ter causado o maior baque às quadrilhas que aterrorizam o bairro recordista de homicídios deste ano. Foram presas oito pessoas ontem e outras 11 ao longo das investigações.

A chamada Operação Restinga cumpriu mais de 30 mandados. Em uma casa de madeira, foram encontradas notas de R$ 100 empilhadas aos montes, assim como de R$ 50, R$ 20 e de valores menores. No final, um total de R$ 35 mil em dinheiro do tráfico. A poucos quilômetros dali, em um sítio no Lami, outra surpresa para os agentes, que descobriram um arsenal com 13 armas escondidas.

– A quantidade de materiais apreendida prova que, com a conjunção de conhecimento e estrutura, conseguimos fazer um trabalho eficiente nas áreas conflagradas – avaliou o comandante do Comando de Policiamento da Capita (CPC), coronel Atamar Cabreira.

Durante duas horas, os acessos à Restinga Velha foram controlados pelo policiamento. Pelo menos quatro bandos tiveram baixas importantes com a ação.

– O combate ao tráfico vai refletir diretamente na diminuição dos homicídios naquela área, que é o objetivo do Território da Paz – afirma o diretor de investigações do Denarc, delegado Heliomar Franco.

Segundo ele, a ação servirá de modelo para 2012.

– Continuamos investigando os traficantes da Restinga e vamos intensificar a atenção nos demais Territórios da Paz. Nossa ideia é repetir as ações conjuntas com a Brigada – disse o delegado.

Além da Restinga, os bairros Lomba do Pinheiro, Santa Tereza e Rubem Berta também fazem parte dos Territórios da Paz em Porto Alegre. Nenhum deles teve, até agora, ações policiais nas proporções desta última.

domingo, 11 de dezembro de 2011

FELICIDADE

Felicidade agora mora em áreas pacificadas do Rio. Em Santa Teresa, 68% dizem que PMs são bem preparados, mostram resultados de pesquisa na área de segurança - ELENILCE BOTTARI - O GLOBO, 10/12/11 - 18h04

RIO - Os morros dos Prazeres e do Escondidinho, em Santa Teresa, apresentaram alguns dos melhores resultados da pesquisa na área de segurança. Perguntados que nota dariam — de zero a dez — para o envolvimento da UPP em corrupção, 75% responderam "zero" (nenhum envolvimento). Para 68,5% dos entrevistados, os policiais que atuam na UPP — responsável pelo patrulhamento nas duas favelas — são muito bem preparados ou bem preparados. A pesquisa revelou ainda que, para 80% desses moradores, a segurança nos morros do Escondidinho e dos Prazeres melhorou após a UPP. E a pacificação mexeu com a vida deles: 92% dizem ser felizes ou muito felizes e 70,3% acreditam que é importante viver em segurança.

— A gente se sente feliz porque hoje podemos deixar nossas crianças brincarem sem medo de tiroteio. Isto é muito importante — conta Regina de Carvalho, enquanto brinca com a neta Érica.

Onde há corrupção, os piores resultados

A pesquisa da Endeavor foi realizada entre os dias 22 de agosto e 2 de setembro, uma semana antes da prisão em flagrante de policiais da UPP dos morros da Coroa, do Fallet e do Fogueteiro, acusados de aceitarem propina do tráfico. Foi justamente esta região que apresentou os piores resultados: apenas 27,5% dos moradores dessas favelas acreditam que não haja corrupção na UPP. Entre os entrevistados, 38,5% consideram os policiais muito bem preparados, contra 36% que os consideram mal preparados ou muito mal preparados e 25% que preferiram não responder.
 
— Hoje mesmo (na última quarta-feira), fizemos uma reunião com o novo comandante da UPP e com a corregedoria da PM, além de lideranças comunitárias, para tentar chegar a um acordo sobre procedimentos de abordagem e direitos dos moradores. Os policiais continuam a entrar nas casas sem os moradores e invadem festas para revistar os convidados. Fazem isso no asfalto? — reclamou a presidente da Associação de Moradores do Fogueteiro, Cíntia Luna.

Já nos morros do Chapéu Mangueira e da Babilônia, no Leme, que estão pacificados desde junho de 2009, o relacionamento entre policiais e moradores é cada dia melhor.

— O mais importante que a UPP trouxe foi a segurança. Com ela, não só vivemos melhor, como também outros setores de governo e a iniciativa privada começaram a chegar. Ainda precisamos de muita coisa, mas a vida, com certeza, melhorou muito — disse o presidente da associação de moradores, Valdinei Medina.

Para 93,5% dos moradores do Chapéu Mangueira e da Babilônia, a segurança melhorou depois da UPP. Para 60,5%, o envolvimento em corrupção naquela unidade é zero.

MAIS CONFIANÇA

Mais confiança entre moradores e policiais de UPP. Pesquisa revela que 72,4% acham que envolvimento de PMs com a corrupção não existe ou é muito pequeno - ELENILCE BOTTARI - O GLOBO, 10/12/11 - 18h31

RIO - Marcada por décadas de violência e desconfiança, a relação entre moradores de favelas e policiais militares começa a mudar, pelo menos, nas comunidades beneficiadas pelo programa de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Uma pesquisa inédita, realizada pelo Instituto Endeavor Brasil e pelo professor Maurício Moura, da Universidade George Washington, nos Estados Unidos, com 3.816 moradores de 23 comunidades pacificadas, revela que o envolvimento de policiais de UPP com a corrupção não existe ou atinge apenas uma pequena parte da tropa na opinião de 72,4% dos entrevistados. No entanto, para 6,9% dos ouvidos, a totalidade dos PMs é corrupta.

O diagnóstico mostrou ainda que, para a maioria dos moradores (66,8%), a segurança na favela melhorou depois da UPP. Outros 24,4% acham que não houve mudanças e 4,7% acreditam ter piorado. Entre os que pior avaliam a polícia ou mesmo a segurança na comunidade, estão os homens jovens, entre 16 e 24 anos.

— A comunidade está reaprendendo a respeitar o poder policial e o policial está reaprendendo a respeitar o morador de comunidade. São muitos anos de abandono do poder público. Nossos jovens de hoje nasceram conhecendo a polícia corrupta, violenta, agressiva, que só entrava na favela atirando, sem saber quem iria atingir. Para muitos deles, é estranho agora cruzar com um policial no beco e dar bom-dia — conta a presidente da Associação de Moradores do Morro dos Prazeres, Eliza Rosa Brandão.

Segundo ela, ainda há na comunidade policiais truculentos, mas são poucos:

— A maioria, graças a Deus, está aprendendo a ser a polícia pacificadora.