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quarta-feira, 4 de abril de 2012

PATRULHAMENTO A PÉ CONTRA O TRÁFICO


Patrulhamento a pé contra o tráfico na Rocinha. Favela terá até sexta-feira 700 policiais militares, o mesmo efetivo do batalhão do Leblon - Ana Cláudia Costa e Vera Araújo - O GLOBO 3/04/12 - 23h23


RIO - Os oito assassinatos registrados na Rocinha desde a sua ocupação, em novembro passado, fizeram com que a Polícia Militar colocasse em prática um plano B: implementar o policiamento a pé na comunidade, principalmente em becos e vielas, em vez de ficar apenas nos principais acessos ao morro. A novidade foi anunciada ontem pelo coordenador de Policiamento da Rocinha, major Edson Raimundo dos Santos, que pretende dividir a região em 12 pontos ou sub-bairros para tentar impedir a disputa territorial entre duas facções criminosas.

A partir de sexta-feira, o oficial vai comandar 700 homens — do Batalhão de Choque e recrutas do Comando de Polícia Pacificadora, praticamente o mesmo efetivo do 23º BPM (Leblon).

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Sobre a denúncia publicada na revista "Veja" de que policiais militares estariam recebendo suborno para favorecer uma das facções, facilitando a venda de drogas, o Centro de Inteligência da PM já identificou os maus policiais. Segundo uma fonte da corporação, a Corregedoria Interna da PM instaurou inquérito policial militar em 14 de março a fim de apurar a informação e, no momento, busca provas contra os envolvidos.

Com experiência de quem atuou nas operações da Lei Seca, o major Edson buscou misturar os grupos que farão as patrulhas:

— Da Lei Seca, tiro a prática de pôr vários órgãos para trabalhar em conjunto. No caso da Rocinha, irei mesclar policiais experientes de outras UPPs com os recrutas, além de incluir mulheres, principalmente para fazer as revistas de mulheres e crianças.

Antes de assumir o papel de coordenador do policiamento da Rocinha, major Edson Santos abriu mão das férias de janeiro para estudar a geografia da comunidade. Ele conta que tem cerca de 90% de becos e vielas, o que dificulta a ação policial.

— Se a Rocinha fosse um município, ela ocuparia o 22º lugar em número de habitantes, com 104 mil moradores, de acordo com o levantamento do PAC. É uma cidade. Por isso, é necessário um pessoal bem treinado, uma supervisão rígida para evitar desvios de conduta e muito diálogo com os moradores. Não estou inventando nada. É como comandar um batalhão com seus setores e sub-setores — explicou o coordenador, que não abre o jogo se será ou não o comandante da UPP da Rocinha.

Cada patrulha ficará responsável por uma área

Cada patrulha ficará responsável por áreas como Roupa Suja, Ruas 1, 2 e 3, Dionéia, Cachopa, Vila Verde, Terreirão, 199, Laboriaux, Capado e Barcelos. Cada grupo de quatro policias patrulhará uma área de cerca de 400 metros quadrados em plantões de 12 horas.

— Há regiões na Rocinha onde as motocicletas não chegam. Esses locais ficaram sem um patrulhamento, mas agora, com mais homens, faremos o policiamento a pé. Não ficarão áreas descobertas — argumentou o major Edson Santos.

Para o coordenador de policiamento da Rocinha, a disputa econômica pela região fez com que as disputas entre facções rivais se intensificassem nos últimos três meses, quando 12 armas foram apreendidas. Com a prisão do chefe do tráfico local, Antônio Bonfim Lopes, a quadrilha rival imaginou que o caminho estivesse livre para pegar sua fatia nos lucros com a venda de drogas.

— A Polícia Civil está apurando as mortes. Espero que a investigação seja conclusiva. Da minha parte, eu irei cobrar dos meus policiais. Quem me conhece sabe disso — afirmou o major Edson Santos.

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