O Policiamento Comunitário ou de Proximidade é um tipo de policiamento ostensivo que emprega efetivos e estratégias de aproximação, ação de presença, permanência, envolvimento com as questões locais, comprometimento com o local de trabalho e relações com as comunidades, objetivando a garantia da lei, o exercício da função essencial à justiça e a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do do patrimônio. A Confiança Mútua é o elo entre cidadão e policial, entre a comunidade e a força policial, entre a população e o Estado.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

PACIFICAÇÃO - Força-tarefa Financeira injeta milhões para obras de infraestrutura de UPPs


APOIO FINANCEIRO - Força-tarefa injeta milhões na pacificação. Fundo para obras de infraestrutura em UPPs recebe da iniciativa privada doação de R$ 23,3 milhões por ano até 2014 - POR MAHOMED SAIGG - O Dia, 25/08/2010

Rio - O governo estadual anunciou ontem a criação de força-tarefa para acelerar as obras de implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio. O acordo firmado com empresários do setor privado garante a doação de pelo menos R$ 23,3 milhões por ano até 2014, quando acontece a Copa do Mundo no Brasil. Segundo o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o dinheiro será depositado numa espécie de fundo. E deverá ser usado na construção e reforma das novas bases das UPPs. Hoje, na maior parte das comunidades pacificadas, policiais ficam em contêineres ou prédios provisórios.

“A criação deste fundo é um passo muito importante. Diria que quase vital para a continuidade deste projeto, porque permite que ganhemos velocidade para atender os policiais que ainda não dispõem de condições ideais para prestar atendimento à população nas comunidades pacificadas”, destacou Beltrame, que será o gestor da verba.

“Não podemos ficar restritos a determinados impedimentos da legislação, como a Lei de Licitação, por exemplo, quando programamos a implantação de novas UPPs”, completou o secretário, que também aplicará os recursos provenientes da doação dos empresários na compra de câmeras de monitoramento e tecnologia para ajudar no combate ao crime.

Eike dará R$ 20 milhões por ano

Principal colaborador, o empresário Eike Batista assumiu o compromisso de doar R$ 20 milhões, por ano, até 2014. Dono do Grupo EBX, ele falou em nome dos demais empresários que também aderiram ao programa. E rasgou elogios às UPPs. “O conceito é fantástico. Achamos que ele funciona e é um modelo para o Brasil inteiro, e talvez para o mundo, porque sabemos que não é um desafio fácil. Eu mesmo, como empresário, nunca imaginei que a gente iria arrumar uma solução para resolver os problemas das favelas”, admitiu Eike, que garante acreditar no sucesso do projeto.

“Trata-se de um compromisso sério, até porque não gosto de puxadinho. Estamos apoiando para que se faça direito e o projeto se perpetue. Para isso é preciso entrar com um volume sério de recursos”, justificou Eike, que torce pela adesão de novos empresários ao fundo.

Além do Grupo EBX, Bradesco Seguros, Coca-Cola, Souza Cruz e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também anunciaram suas doações no encontro realizado ontem, com a presença do governador Sérgio Cabral, no Palácio Laranjeiras. De acordo com o presidente do Bradesco Seguros, Luiz Carlos Trabucco, a empresa doará R$ 2 milhões, por ano, para o Fundo, até 2014. A Coca-Cola Brasil se comprometeu em contribuir com R$ 900 mil no mesmo período. A Souza Cruz, que já havia cedido o terreno de mais de 40 mil metros quadrados onde será construída a Cidade da Polícia, entre Manguinhos e Jacarezinho, doará mais R$ 400 mil anuais.

O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, que está financiando a reforma da sede da UPP da Cidade de Deus, lembrou a importância da iniciativa para garantir o sucesso da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, no Rio. “Não há dúvidas de que as UPPs estão atingindo seus objetivos, o que obviamente vai beneficiar todos esses eventos”.

Coronel vibra e fala em credibilidade

Responsável pelo Comando de Polícia Pacificadora (CPP), o coronel Robson Rodrigues ficou entusiasmado com o interesse de empresários do setor privado em investir nas unidades. “Essa iniciativa mostra a credibilidade do projeto junto a outros segmentos da sociedade, e não só aos moradores dessas comunidades pacificadas. É um sinal de que todos começam a entender o projeto, e o quanto ele é importante para a conquista da paz no estado”, afirmou o oficial.

Para o comandante, o investimento milionário também poderá garantir o sucesso da pacificação em locais considerados complexos, dominados pelo tráfico, como a Rocinha, em São Conrado, e os Complexo de São Carlos, no Estácio, e do Complexo do Alemão, no subúrbio.

“Além da construção das novas bases, esses recursos também serão investidos na compra de câmeras de monitoramento e palmtops de georreferenciamento. Esses aparelhos serão fundamentais para o sucesso da pacificação em comunidades mais complexas. Nessas áreas, vamos precisar não só de policiais e viaturas, mas também de tecnologia”, garantiu o oficial.

Disque-Denúncia surgiu de parceria com empresários

Não foi a primeira vez que empresários do Rio se uniram para financiar ações de combate à violência no estado. Em outubro de 1995, quando uma onda de sequestros aterrorizava a população, um grupo ligado ao setor privado criou a Associação Rio Contra o Crime.

Fruto de uma parceria com a Secretaria Estadual de Segurança Pública e com o Comando de Policiamento do Interior da Polícia Militar, a Organização Não-Governamental (ONG) se dedicava exclusivamente à arrecadação de recursos. O dinheiro foi usado, por exemplo, na criação do Disque-Denúncia.

A ONG também chegou a financiar o pagamento de recompensas por informações repassadas ao Disque-Denúncia. O serviço se tornou uma ferramenta fundamental na elucidação não só de casos de sequestros, mas também de crimes como homicídios, roubos, tráfico de drogas e até corrupção policial.

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