O Policiamento Comunitário ou de Proximidade é um tipo de policiamento ostensivo que emprega efetivos e estratégias de aproximação, ação de presença, permanência, envolvimento com as questões locais, comprometimento com o local de trabalho e relações com as comunidades, objetivando a garantia da lei, o exercício da função essencial à justiça e a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do do patrimônio. A Confiança Mútua é o elo entre cidadão e policial, entre a comunidade e a força policial, entre a população e o Estado.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
PACIFICAÇÃO - Força-tarefa Financeira injeta milhões para obras de infraestrutura de UPPs
APOIO FINANCEIRO - Força-tarefa injeta milhões na pacificação. Fundo para obras de infraestrutura em UPPs recebe da iniciativa privada doação de R$ 23,3 milhões por ano até 2014 - POR MAHOMED SAIGG - O Dia, 25/08/2010
Rio - O governo estadual anunciou ontem a criação de força-tarefa para acelerar as obras de implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio. O acordo firmado com empresários do setor privado garante a doação de pelo menos R$ 23,3 milhões por ano até 2014, quando acontece a Copa do Mundo no Brasil. Segundo o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o dinheiro será depositado numa espécie de fundo. E deverá ser usado na construção e reforma das novas bases das UPPs. Hoje, na maior parte das comunidades pacificadas, policiais ficam em contêineres ou prédios provisórios.
“A criação deste fundo é um passo muito importante. Diria que quase vital para a continuidade deste projeto, porque permite que ganhemos velocidade para atender os policiais que ainda não dispõem de condições ideais para prestar atendimento à população nas comunidades pacificadas”, destacou Beltrame, que será o gestor da verba.
“Não podemos ficar restritos a determinados impedimentos da legislação, como a Lei de Licitação, por exemplo, quando programamos a implantação de novas UPPs”, completou o secretário, que também aplicará os recursos provenientes da doação dos empresários na compra de câmeras de monitoramento e tecnologia para ajudar no combate ao crime.
Eike dará R$ 20 milhões por ano
Principal colaborador, o empresário Eike Batista assumiu o compromisso de doar R$ 20 milhões, por ano, até 2014. Dono do Grupo EBX, ele falou em nome dos demais empresários que também aderiram ao programa. E rasgou elogios às UPPs. “O conceito é fantástico. Achamos que ele funciona e é um modelo para o Brasil inteiro, e talvez para o mundo, porque sabemos que não é um desafio fácil. Eu mesmo, como empresário, nunca imaginei que a gente iria arrumar uma solução para resolver os problemas das favelas”, admitiu Eike, que garante acreditar no sucesso do projeto.
“Trata-se de um compromisso sério, até porque não gosto de puxadinho. Estamos apoiando para que se faça direito e o projeto se perpetue. Para isso é preciso entrar com um volume sério de recursos”, justificou Eike, que torce pela adesão de novos empresários ao fundo.
Além do Grupo EBX, Bradesco Seguros, Coca-Cola, Souza Cruz e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também anunciaram suas doações no encontro realizado ontem, com a presença do governador Sérgio Cabral, no Palácio Laranjeiras. De acordo com o presidente do Bradesco Seguros, Luiz Carlos Trabucco, a empresa doará R$ 2 milhões, por ano, para o Fundo, até 2014. A Coca-Cola Brasil se comprometeu em contribuir com R$ 900 mil no mesmo período. A Souza Cruz, que já havia cedido o terreno de mais de 40 mil metros quadrados onde será construída a Cidade da Polícia, entre Manguinhos e Jacarezinho, doará mais R$ 400 mil anuais.
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, que está financiando a reforma da sede da UPP da Cidade de Deus, lembrou a importância da iniciativa para garantir o sucesso da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, no Rio. “Não há dúvidas de que as UPPs estão atingindo seus objetivos, o que obviamente vai beneficiar todos esses eventos”.
Coronel vibra e fala em credibilidade
Responsável pelo Comando de Polícia Pacificadora (CPP), o coronel Robson Rodrigues ficou entusiasmado com o interesse de empresários do setor privado em investir nas unidades. “Essa iniciativa mostra a credibilidade do projeto junto a outros segmentos da sociedade, e não só aos moradores dessas comunidades pacificadas. É um sinal de que todos começam a entender o projeto, e o quanto ele é importante para a conquista da paz no estado”, afirmou o oficial.
Para o comandante, o investimento milionário também poderá garantir o sucesso da pacificação em locais considerados complexos, dominados pelo tráfico, como a Rocinha, em São Conrado, e os Complexo de São Carlos, no Estácio, e do Complexo do Alemão, no subúrbio.
“Além da construção das novas bases, esses recursos também serão investidos na compra de câmeras de monitoramento e palmtops de georreferenciamento. Esses aparelhos serão fundamentais para o sucesso da pacificação em comunidades mais complexas. Nessas áreas, vamos precisar não só de policiais e viaturas, mas também de tecnologia”, garantiu o oficial.
Disque-Denúncia surgiu de parceria com empresários
Não foi a primeira vez que empresários do Rio se uniram para financiar ações de combate à violência no estado. Em outubro de 1995, quando uma onda de sequestros aterrorizava a população, um grupo ligado ao setor privado criou a Associação Rio Contra o Crime.
Fruto de uma parceria com a Secretaria Estadual de Segurança Pública e com o Comando de Policiamento do Interior da Polícia Militar, a Organização Não-Governamental (ONG) se dedicava exclusivamente à arrecadação de recursos. O dinheiro foi usado, por exemplo, na criação do Disque-Denúncia.
A ONG também chegou a financiar o pagamento de recompensas por informações repassadas ao Disque-Denúncia. O serviço se tornou uma ferramenta fundamental na elucidação não só de casos de sequestros, mas também de crimes como homicídios, roubos, tráfico de drogas e até corrupção policial.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
NOVA REALIDADE - A receita que vem do Rio
NOVA REALIDADE. A receita que vem do Rio. Subsecretário afirma que unidades policiais nas favelas forçaram traficantes a trocar de profissão - HUMBERTO TREZZI, Zero Hora, 20/08/2010
As Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) estão obrigando os traficantes cariocas a mudar de profissão. – Os bandidos que não migraram para outras favelas tentam vaga em algum bico honesto – descreve o subsecretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Antônio Roberto Cesário de Sá, 45 anos.
Carioca, delegado federal desde 1996, Sá já trabalhou no Acre e voltou ao Rio no atual governo, para ajudar o colega José Mariano Beltrame (delegado gaúcho da Polícia Federal) a transformar a secretaria de Segurança. Sá é ex-tenente-coronel da PM e foi instrutor do temido Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), responsável pelas mais perigosas ações policiais no Rio.
Propagandista entusiasmado das UPPs – unidades que estão pacificando os morros cariocas –, ele palestrou ontem em Porto Alegre, a convite da Comissão Especial de Políticas Criminais e Segurança Pública da seção gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Sá afirma que, até 2016, serão formados 60 mil policiais militares no Rio (hoje são 40 mil). Destes, 12 mil serão destinados às Unidades Pacificadoras, uma espécie de polícia comunitária que busca cristalizar a parceria entre a população e o governo.
“Acredite, tem bandido procurando emprego” - Antônio Roberto Sá, subsecretário de Segurança Pública do Rio
A seguir, trechos da entrevista concedida pelo subsecretário de Segurança do Rio, Antônio Sá:
Zero Hora – Vocês estão vencendo o crime organizado no Rio?
Antônio Roberto Sá – Ele está sendo expulso, principalmente no corredor turístico-econômico da orla, aquele que gera maior impacto. Começamos num local pequeno e com acessos bem difíceis, para testar, o morro Dona Marta. Os bandidos armados sumiram dali. Fomos nos espalhando e hoje já estamos com 12 UPPs, abrangendo 36 comunidades da cidade.
ZH – Como vocês fazem para tirar os bandidos?
Sá – É um trabalho lento, delicado e metódico. Fizemos um mapeamento das cem favelas mais complicadas da cidade. Dessas, separamos as 40 principais e levantamos dados socioeconômicos, estrutura viária, tamanho das quadrilhas que ali agem. Priorizamos as que tinham maior simbolismo. Agimos em quatro fases. A primeira foi o trabalho de inteligência. Depois entra o Bope, pronto para enfrentar a quadrilha que resistir. A terceira é a implantação da UPP propriamente dita, com policiais voltados para a ação comunitária. E a quarta é a consolidação do projeto, com injeções de verbas em obras de infraestrutura, nesse caso apoiadas por outros segmentos, como a Secretaria de Ação Social.
ZH – Os bandidos não resistem...
Sá – Tivemos alguma resistência, mas pouca. No Morro do Turano, semana passada, eles balearam um policial e roubaram um carro da imprensa, ao deixarem o terreno. Mas, via de regra, vão embora sem atirar. Não será sempre assim. Na medida em que avançamos e apertamos, a possibilidade de confronto é maior.
ZH – Mas para onde estão indo os criminosos já desalojados?
Sá – Rapaz, pode acreditar, tem bandido procurando emprego. Muito traficante está buscando alternativas de serviço dentro da lei, principalmente os vapozeiros (repassadores de pequenas quantias de droga). O importante é que não voltaram onde tem a UPP, porque sabem que perderam. Entenderam que nossa estratégia veio para ficar. A população está deixando de ter vergonha de morar na favela. Estão ganhando placa com nome das ruas, eletricidade, geladeira, internet. E vamos agir também no Interior, aguarde para ver.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Defendo esta estratégia, mas continuo afirmando que as UPPs, forjadas nos princípios do policiamento comunitário, são somente a primeira alavanca de pacificação de um local de risco. Para restabelecer definitivamente a ordem pública no local e garantir a confiança dos moradores, elas precisam de valorização profissional do policial, de salvaguardas legais e de continuidade dos esforço na polícia e aplicação da lei por uma justiça célere, envolvida e comprometida com as questões de ordem pública.
Porém, apesar da esperança, não se pode deixar levar pela propaganda partidária e eleitoral que levanta a bandeira das UPPs para se promover. O Rio não está pacificado e o retrato está nas noticias publicadas nos jornais, revistas, rádios e TVs de lá. A justiça não se envolveu, os bandidos continuam bem armados e dominando várias favelas, os chefes comandam de dentro dos presídios e continuam os confrontos, os arrastões e as execuções por todo o Rio. As UPPs criaram apenas ilhas de segurança.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
PRINCÍPIO DA PERMANÊNCIA - 100 MIL POLICIAIS PARA O POLICIAMENTO COMUNITÁRIO NOS EUA.
Esta notícia abaixo é de 10 anos atrás, mas é boa para lembrar que a aplicação da estratégia de policiamento comunitário depende de um bom número de policiais para fixar o policiamento permanente no bairro onde prestará serviços aproximados da comunidade local. Não se pode bradar a bandeiro do policiamento comunitário sem efetivos policiais capazes de fixar a presença ostensiva no local onde se compromete a preservar a segurança pública. Policiamento Comunitário não se faz com "blitz" , operações relampagos, ações midiáticas, emprego de contenção, planos em papel, manchetes em jornal ou com discurso. Policiamento Comunitário se faz com presença constante nas ruas, patrulhamento 24 horas, atendimento rápido e diálogo constante.
No Brasil, as iniciativas são isoladas, superificiais ou visionárias sem qualquer base sólida capaz de fortificar a estratégia, comprometer os policiais com os locais de trabalho, consolidar a confiança do cidadão e manter a continuidade da estratégia independente da política partidária que estiver norteando o governo da hora. São pouco os policiais, as áreas de trabalho são muito amplas e a prioridade é dada à contenção dos delitos através do patrulhamento motorizado, onde o contato com o cidadão é apenas na ocorrência.
Noticias e Informações
100 mil policiais para o policiamento comunitário - 28 de Março de 2000 20:21."O Policial Digital"/O Editor
Programa COPS(*): "Community Oriented Policing Services" (Serviços Policiais Orientados para a Comunidade)- abreviatura com a palavra cop, expressão de gíria usada para designar policiais nos EUA.
Sobre o 'COPS: Reconstruindo os Laços entre a Cidadania e o Governo
Cidades e condados norte-americanos estão adotando o policiamento comunitário. O policiamento comunitário é uma estratégia montada sobre princípios básicos, tendo como ênfase à prevenção criminal e a descoberta de soluções duradouras para os problemas dessa área.
O policiamento comunitário reduz a criminalidade e o medo, ao mesmo tempo em que restaura o clima de ordem da comunidade. Mas ele também pode reconstituir o elo entre a cidadania e o governo. Policiais, na condição de servidores públicos que interagem com a cidadania diariamente, tem uma oportunidade única de mostrar a importância do envolvimento da cidadania com a comunidade. Por outro lado, isso permite que os policiais constatem, em termos práticos, que sua autoridade e efetividade estão diretamente relacionadas ao apoio que eles recebem dos cidadãos. Quando implementado, o policiamento comunitário é uma das maiores materializações da democracia.
A Lei de Controle de Crimes Violentos e Fiscalização Policial de 1994 autoriza o financiamento de programas de policiamento comunitário e acrescenta recursos adicionais para a contratação de 100.000 policiais para as atividades de policiamento comunitário dos EUA. O Departamento de Justiça dos EUA (equivalente ao Ministério da Justiça do Brasil) criou o Bureau de Serviços Policiais Comunitários (COPS) para tratar dessa atividade especifica.
No dia 12 de maio de 1999 o Departamento de Justiça e o COPS chegaram a uma 'medida histórica, ' implementando a contratação adicional de 100.000 policiais comunitários com verbas menores do que fora originalmente planejado e antes do cronograma previsto.
A Polícia Comunitária no Japão: Uma Visão Brasileira
A Polícia Comunitária no Japão: Uma Visão Brasileira - por Miguel Libório Cavalcante Neto
Numa sociedade democrática, a responsabilidade pela manutenção da Paz e a observância da Lei da Comunidade, não é somente da Polícia. É necessário uma polícia bem treinada, mas o seu papel é o de complementar e ajudar os esforços da comunidade, não de substituí-los. Patrick V. Murphy
Possuindo características de um Estado moderno, com um alto grau de participação social, muito diferente do modelo brasileiro, o Japão possui um sistema de policiamento fardado baseado na estrutura da Polícia Nacional Japonesa. Desenvolve um dos processos mais antigos de policiamento comunitário no mundo (criado em 1879), montado numa ampla rede de postos policiais, num total de 15.000 em todo o país, denominados KOBANS E CHUZAISHOS.
A estrutura básica voltada à prevenção do crime tem seu alicerce de sustentação focado no policiamento comunitário fardado da Polícia Nacional do Japão, através do qual a vida pacífica e calma da comunidade é mantida pelo sistema “Koban”, montada numa ampla rede de postos policiais, num total superior a 15.000 em todo o país. Só na cidade de Tóquio tem aproximadamente 1000 “Kobans” e 240 “Chuzaishos”.
O Chuzaisho localiza-se normalmente nos bairros residenciais e conta atualmente com mais de 8.500 postos nesta modalidade; É uma casa que serve de posto policial 24 horas, onde o policial reside com seus familiares, e na sua ausência a esposa atende aqueles que procuram o posto. O Koban, por sua vez, localiza-se normalmente nos locais onde haja grande fluxo de pessoas, como zonas comerciais, turísticas, de serviço, próximo às estações de metrô, etc., sendo que, nesse tipo de posto trabalham equipes compostas por 03 ou mais policiais, conforme o fluxo de pessoas na área delimitada como circunscrição do posto, funcionando 24 horas por dia, existindo atualmente mais de 6.500 Kobans em todo o país.
POLICIAL COMUNITÁRIO NO JAPÃO
Para se ter uma avaliação da importância dada ao sistema de policiamento comunitário fardado no Japão, a partir de 1998 o efetivo policial passou a contar com 263.600 pessoas , sendo:
- Agencia Nacional de Polícia com 7.600 pessoas (1.400 policiais; 900 Guardas Imperial e 5.300 funcionários civis).
- 47 Províncias ( como se fossem Estados ) com 256.000 pessoas (226.000 policiais e 30.000 funcionários civis).
Dos 226.000 policiais, cerca de 40% estão destinados ao policiamento comunitário fardado, sendo que, destes, 65% estão prestando serviços nos Kobans e Chuzaishos, 20% no policiamento motorizado e 15% no serviço administrativo do Sistema, incluindo o staff de comando, sistema de atendimento e despacho de viaturas para ocorrências e comunicação como um todo.
O POLICIAL JAPONÊS
O Policial japonês através de suas atitudes demonstra claramente sua formação cultural, ou seja, extremamente educado, polido e disciplinado, cumprindo integralmente suas obrigações com determinação e zelo. Possuindo, no mínimo, formação de 2º grau e até mesmo universitária, sentindo-se perfeitamente à vontade quando da utilização dos mais avançados recursos tecnológicos, na área de comunicações e informática, o que aliado a sua formação técnica policial lhe possibilita alcançar resultados positivos em seu serviço, agindo na maior parte das vezes isoladamente.
O Juramento do Policial - "Como membro da Polícia, eu aqui prometo:
- Servir a nação e a sociedade com orgulho e um firme sentido de missão. Prestar o devido respeito aos direitos humanos e realizar minhas obrigações com justiça e gentileza. Manter estreita disciplina e trabalhar com o máximo de cooperação. Desenvolver meu caráter e a capacidade para minha auto-realização. Manter uma vida honesta e estável.
O POLICIAL COMUNITÁRIO
O Policiamento Comunitário é o centro das atividades policiais de segurança no Japão. Como já foi exposto 40% do efetivo da polícia é destinado ao Policiamento Comunitário. Os outros 60% estão exercendo suas funções em atividades administrativas, investigações criminais, segurança interna, escolas, bombeiros, trânsito, informações e comunicações bem como para a Guarda Imperial.
A importância dada ao Policiamento Comunitário pela Polícia Japonesa a qual é seguida à risca, se deve a algumas premissas tidas como imprescindíveis:
a) a impossibilidade de investigar todos os crimes pressupõe um investimento de recursos na prevenção de crimes e acidentes, para aumentar a confiança da população nas leis e na polícia.
b) impedir o acontecimento de crimes e acidentes é muito mais importante do que prender criminosos e socorrer vítimas acidentadas.
c) a polícia deve ser levada aonde está o problema, para manter uma resposta imediata e efetiva aos incidentes criminosos individuais e às emergências, com o objetivo de explorar novas iniciativas preventivas, visando a resolução do problema antes de que eles ocorram ou se tornem graves. Para tanto descentralizar é a solução, sendo que os maiores e melhores recursos da polícia devem estar alocados na linha de frente dos acontecimentos.
d) as atividades junto às diversas comunidades e o estreitamento de relações polícia e comunidade, além de incutir no policial a certeza de ser um “mini-chefe” de polícia descentralizado em patrulhamento constante, gozando de autonomia e liberdade de trabalhar como solucionador dos problemas da comunidade, também é a garantia de segurança e paz para a comunidade e para o seu próprio trabalho.
POLICIAIS DE UM KOBAN NO PATRULHAMENTO, VISITAS ROTINEIRAS A RESIDENCIAS, ATIVIDADES COMUNITÁRIAS E REUNIÕES COM A COMUNIDADE
Seguindo estas idéias básicas, a Polícia Japonesa descentralizou territorialmente sua bases de segurança em mais de 15.000 bases comunitárias de segurança, denominados Koban ou Chuzaisho, funcionando nas 24 horas do dia.
Os Kobans e os Chuzaishos são construídos pelas prefeituras das cidades onde estão localizados, responsabilizando-se também pela manutenção do prédio, pagamento da água, luz, gás, etc. O critério para sua instalação e localização é puramente técnico e é estabelecido pela Polícia de tal forma que garanta o atendimento cuidadoso e atencioso às pessoas que procurem a polícia. Estes postos policiais ( Kobans e Chuzaishos ) estão subordinados aos “Police Stations”.
Chuzaisho: Instalação e Funcionamento
O policial é instalado numa casa, juntamente com sua família. Esta casa, fornecida pela Prefeitura, é considerada um posto policial, existindo mais de 8.500 em todo o Japão; cada Chuzaisho está vinculado diretamente a um “Police Station”( Cia ) do distrito policial onde atua.
O policial trabalha no horário de expediente, executando suas rondas fardado. Na ausência do policial, sua esposa auxiliará em suas atividades, atendendo ao rádio, telefone, telex e as pessoas, sem que, para isso, seja considerada funcionária do Estado, mas essa sua atividade possibilita ao marido policial o recebimento de uma vantagem salarial. Quanto aos gastos com energia, água, gás e a manutenção do prédio ficam a cargo da prefeitura da cidade onde o posto esta localizado.
Koban : Instalação e Funcionamento
Os Kobans, em número superior a 6.500 em todo o Japão, estão instalados em áreas de maior necessidade policial (critério técnico). Os Kobans são construídos em dimensões racionais, em dois ou mais pavimentos, com uma sala para o atendimento ao público, com todos os recursos de comunicações e informática, além de compartimentos destinados ao alojamento ( com camas e armários), cozinha, dispensa e depósito de materiais de escritório, segurança, primeiros socorros, etc.
No Koban, trabalham equipes compostas por 03 ou mais policiais, conforme seu grau de importância, cobrindo as 24 horas do dia em sistema de rodízio por turnos de 08, 12 ou até mesmo 24 horas, o que é mais comum.
No interior de um Koban há sempre uma equipe de um ou dois policiais para atendimento ao público e atender ao rádio e ao telefax; os demais desenvolvem atividades de patrulhamento a pé, de bicicleta ou mesmo motocicletas, e é responsável por uma pequena área e pelas visitas comunitárias, através das quais sabem o número de residências, comércios, estrangeiros residentes, enfim um controle detalhado daquela pequena área, uma vez que o controle das ocorrências é de responsabilidade dos integrantes daquele Koban.
Para todas as atividades desenvolvidas em um Koban, há horários específicos para o seu cumprimento, como por exemplo horários para o patrulhamento, entrevistas com a comunidade, preenchimento de relatórios policiais, refeições e descanso no próprio Koban.
Há também reuniões com a comunidade, chamados conselhos comunitários (similar aos Conselhos Comunitários de Segurança - CONSEGs), os quais se reúnem de 2 a 3 vezes por ano, isto porque, enquanto um ou mais problemas apresentados pela comunidade não forem solucionados, não se discute novos problemas, para evitar que um problema se acumule sobre outro e não se resolva nenhum.
Existem cerca de 2000, policiais aposentados ou ex-políciais (exonerados a pedido) contratados para trabalhar como atendente nos Kobans. Eles trabalham 30 horas semanais recebendo o salário através de verba repassada pelo Governo Federal às Policiais Provinciais.
Quanto ao tempo de permanência de um policial comunitário em um mesmo Koban, este pode variar de 2 a 5 anos, mas é extremamente importante o tempo mínimo de permanência, para que haja efetivamente o engajamento do policial num determinado setor específico da comunidade, criando uma relação de pertinência, em caráter de longo prazo, uma vez que pelos conhecimentos que possui do bairro e das pessoas que nele vivem ou trabalham pode ser o catalisador para o desenvolvimento de soluções criativas que não se concentre especificamente em prender delinqüentes, pois só assim, o policial pode reduzir o crime e ir ao encontro das necessidades apropriadas da comunidade, sendo conhecido e respeitado pelas suas atitudes.
Cada Koban é comandado por um “Assistant Police Inspector” ou por um “Police Sergeant”, conforme sua importância, e cada equipe é comandada pelo mais antigo de polícia da guarnição, ou mais o graduado no respectivo turno.
Os Kobans se ligam diretamente aos “Police Station” deles recebendo as determinações e acionamentos necessários ou para eles encaminhando as ocorrências não resolvidas nos locais, bem como condução das partes.
As atividades num Koban é intensa e existe uma rotina estabelecida, que varia de dia para dia e de acordo com a situação.
- atendimento às pessoas;
- recebimento e transmissão de mensagens;
- preenchimento de relatórios de serviço;
- faxina e manutenção do material;
- patrulhamento a pé, de bicicleta ou motocicleta nas áreas abrangidas pelo Koban;
- visitas às residências, casas comerciais e escritórios de serviço;
- visitas a pessoas idosas, escolas, etc.
KOBANS - Polícia do Brasil e Japão dão curso em São Paulo
Polícia do Brasil e Japão dão curso em São Paulo - Assessoria de Imprensa do Ministério da Justiça.
Teve início nesta segunda-feira (16/8) um curso sobre policiamento comunitário com a participação de policiais de onze estados. Eles participarão das aulas ministradas por profissionais do Japão e da Polícia Militar de São Paulo.
Até o próximo dia 27, os 40 participantes do Curso Internacional de Polícia Comunitária irão conhecer o sistema de bases comunitárias Koban (Japão) e o trabalho já desenvolvido pela polícia paulista — pioneira no intercâmbio de conhecimento com os japoneses.
Participam das aulas policiais do Acre, Pará, Alagoas, Bahia, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. Este será a última edição do curso em 2010. Outras três edições já estão previstas para o próximo ano.
Com essa iniciativa, a Senasp espera capacitar agentes de segurança (oficiais, tenentes e capitães) de 11 estados para difundir e replicar essa filosofia de trabalho, principalmente nas regiões atendidas pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).
A indução dessa política já apresenta os primeiros resultados. Há oficiais treinados nesse curso que comandam Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) no Rio de Janeiro, Bases Comunitárias no Pará, coordenam trabalhos em Minas Gerais e reestruturam a Polícia Interativa no Espírito Santo. No Distrito Federal, também estão implementando o que aprenderam nos Postos Comunitários de Segurança.
O treinamento é organizado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), pelo Ministério da Justiça, pela Agência Internacional de Cooperação do Japão (Jiica), em parceria com o Ministério das Relações Exteriores e pela PM.
O curso funcionará na Academia de Polícia Militar do Barro Branco (APMBB), na zona norte de São Paulo, e tem programado várias visitas às bases comunitárias de segurança do estado.
Os estados, ao acordarem com a Senasp para participarem do projeto, se comprometeram a criar coordenações de Polícia Comunitária nas estruturas da SSP ou da Polícia Militar com o objetivo de implementar ou ampliar suas ações de Polícia Comunitária, ou seja, aquelas de prevenção primária da violência. Esse mesmo curso já capacitou cerca de 280 oficiais em sete edições.
Também pelo acordo, já receberam treinamento no Japão dois oficiais de cada estado envolvido no projeto. “A complementação do curso é muito importante para o aprimoramento dos conhecimentos e futura difusão desses nos estados de origem. Com essa parceria houve grande aproximação dos policiais dos diversos estados envolvidos que trocam experiências”, explicou o coordenador de Polícia Comunitária da Senasp, Cristiano Guedes.
O Japão acumula experiência de 130 anos em policiamento comunitário. As atividades são colocadas em prática por meio de postos policiais menores (Kobans) e maiores (Chuzaisho). Em 2002, existiam 6,5 mil kobans e 8,1 mil chuzaishos com 8,4 mil policiais (40% da força policial do país atuando principalmente, na prevenção).
Com informações do Cel Mamedes por email. obrigado!
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