ZERO HORA 26 de setembro de 2015 | N° 18306
LEANDRO RODRIGUES
TENTATIVA DE CHACINA NA CAPITAL. Guerra do tráfico chega a posto de saúde
HOMEM MORREU E SETE PESSOAS ficaram feridas após ataque no bairro Santa Tereza, em imediações de local que atende pelo SUS
Os tiros foram ouvidos no Pronto-Atendimento da Vila Cruzeiro (Postão) no começo da tarde de ontem. O som era de rajadas de submetralhadora. A torcida dos servidores para que fossem disparos para o alto terminou em minutos: uma multidão com feridos ensanguentados nos braços invadiu o local clamando por socorro.
O tumulto foi a sequência de uma tentativa de chacina na zona sul da Capital. As rajadas, por volta das 14h, deixaram um morto e sete feridos na Rua Nossa Senhora do Brasil, via atrás do Postão, no bairro Santa Tereza. Ademir Rodrigo Carpes, 34 anos, conhecido como Biquinha, não resistiu. Segundo a BM, quatro homens em um carro usavam uma submetralhadora contra o grupo. O setor de emergência foi invadido por uma horda de familiares e vizinhos exigindo, aos gritos, atendimento para todos.
– Trabalho há 25 anos aqui. Nunca tinha visto nada parecido. Ficamos todos apavorados. Demos conta o melhor possível – disse o médico Eduardo Osório, chefe do Serviço de Pediatria.
Conforme os funcionários, era para Carpes que mais exigiam atenção. O pavor foi tanto, que ele acabou atendido mesmo morto. Chegou a ser levado de ambulância para o HPS.
– Eles diziam que ele estava respirando. O que podíamos dizer? Tratamos como vivo – afirmou uma atendente.
Os sobreviventes foram encaminhados para o HPS e para o Hospital Cristo Redentor. Até a noite de ontem, recebiam atendimento.
TERRITÓRIO DA PAZ NAUFRAGOU
O tiroteio que deixou um morto e sete feridos no bairro Santa Tereza reacende uma discussão sobre a desativação da base dos Territórios da Paz no local. A unidade funcionava na Rua Nossa Senhora do Brasil, justamente onde começou a confusão, com uma tentativa de chacina na tarde de ontem.
O programa foi implantado pela Secretaria da Segurança Pública, em 2011, para conter o avanço da criminalidade em bairros violentos da Capital. Entre outras medidas, o projeto estabelecia a instalação de bases policiais e a realização de ações sociais nas áreas atendidas.
No Santa Tereza, em junho, o programa foi praticamente desativado. Móveis foram recolhidos, e a partir de então, apenas um policial militar passou a ficar no local.
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