O Policiamento Comunitário ou de Proximidade é um tipo de policiamento ostensivo que emprega efetivos e estratégias de aproximação, ação de presença, permanência, envolvimento com as questões locais, comprometimento com o local de trabalho e relações com as comunidades, objetivando a garantia da lei, o exercício da função essencial à justiça e a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do do patrimônio. A Confiança Mútua é o elo entre cidadão e policial, entre a comunidade e a força policial, entre a população e o Estado.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

BAIRRO SEGURO

ZERO HORA 08/05/2018 - 17h57min

Aplicativo permite que clientes acionem segurança pelo celular para entrar e sair de casa
Plataforma digital criada por startup de Porto Alegre conecta usuários e empresas de proteção privada



Leticia Mendes



Ferramenta, criada por empresa gaúcha, está disponível em três Estados do país Inventsys / Divulgação


Minutos antes de sair de casa, o usuário de um aplicativo, criado por uma startup de Porto Alegre, pode pedir pelo celular que a equipe de uma empresa de segurança monitore o momento que ele deixa a residência. Para isso, bastam cliques. A ferramenta, que já vem sendo utilizada em Curitiba e Foz do Iguaçu, no Paraná, em Santos, no litoral paulista, Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, e alguns locais de Porto Alegre, promete tornar os bairros mais seguros por meio da segurança preventiva.


— Essa parte corriqueira, do dia a dia, que é a vigilância, a polícia não consegue fazer, esse trabalho preventivo. Esta é uma plataforma tecnológica que conecta moradores de bairros e condomínios com empresas de monitoramento. O principal uso é nos chamados de entrada e saída segura — explica Mário Verdi, diretor geral da Inventsys, responsável pela criação do Bairro Seguro.


Por meio de um pacote com custo mensal — que varia de R$ 19,90 a R$ 99,90 —, os usuários podem acionar a empresa de segurança, pelo app, para monitorar suas chegadas e saídas de casa. Com a contratação de serviço pelos moradores, a empresa também passa a fazer rondas no bairro. O aplicativo conta ainda com botão de pânico, que pode ser acionado em situações de risco, como quando o usuário percebe alguma movimentação suspeita em casa ou no entorno.


A ideia da ferramenta surgiu após a percepção de que a maioria dos apps de segurança privada estão voltados para a proteção patrimonial e que as pessoas se tornaram alvos dos criminosos em assaltos, que buscam roubar os bens, como automóveis. No ano passado, em Porto Alegre, foram registrados 8,4 mil roubos de veículos, segundo a Secretaria da Segurança Pública.


— Isto, deve-se, principalmente, pela evolução tecnológica nos dispositivos de proteção patrimonial, como rastreadores, sensores e câmeras inteligentes. O que ocorreu, de fato, foi que protegemos nossos bens, mas ficamos expostos. Viramos facilitadores do crime — constata Verdi.


O diretor-geral ainda afirma que o objetivo é reduzir a oportunidade de que seja cometido um crime. Ele acredita que quando o aplicativo é utilizado pelos moradores de um bairro acaba impactando na segurança em geral:


— A nossa ideia como empresa é fomentar a vida no bairro. Tentar tornar o bairro inteiro mais seguro. A gente quer primeiro permitir que o bairro tenha uma sensação de segurança maior, que as pessoas voltem para a rua. E segurança é sensação. Quando as pessoas se sentem seguras elas saem para a rua e quando mais gente ocupando mais seguro se torna.


O app foi testado em fase experimental em Porto Alegre, em dois bairros da Zona Sul, mas agora pode ser baixado em IOS e Android para ser utilizado nos bairros Menino Deus, Teresópolis, Santa Tereza, Cidade Baixa, Nonoai, Santo Antônio, Azenha, Glória e Medianeira. A atuação do aplicativo é territorial e deve ir avançando bairro a bairro. Atualmente, são cerca de mil usuários no país, mas a meta é levar a plataforma para 400 bairros em todo o Brasil, com 200 a 300 moradores atendidos em cada.

Como funciona
App foi testado inicialmente em dois bairros da zona sul de Porto Alegre Inventsys / Diovulgação


- Os usuários baixam o Bairro Seguro (disponível para iOS e Android) pela loja de aplicativos de forma gratuita. Cada pessoa escolhe seu plano, que conta com um limite de chamados de chegada e saída segura. O valor mínimo mensal é R$ 39,90 para residências, nos seis primeiros meses de uso, e R$ 19,90 para condomínios.


- A partir da contratação, a empresa fará rondas na área. A cada 300 moradores que contratam o serviço, é instalada uma unidade no bairro, com uma guarita. Os seguranças permanecem nesse local e dali partem para atender os chamados.


- Sempre que precisar, o usuário pode abrir o aplicativo e fazer um chamado. Ele solicita que um veículo da empresa vá até sua casa para que possa sair ou entrar em segurança. O veículo fica estacionado nas proximidades. O usuário monitora a chegada da equipe pelo celular.


- Os atendimentos são feitos sempre por empresas locais, com base na região, sob supervisão da equipe do Bairro Seguro. O painel de gerenciamento é inteligente e encaminha os chamados por proximidade do ponto de atendimento. Os moradores podem avaliar o atendimento pelo próprio aplicativo.

Rede de segurança colaborativa



Outro aplicativo também promete colaborar para alertar os moradores sobre situações suspeitas e de risco, além de permitir um mapeamento das ocorrências. O Be On é uma ferramenta digital de segurança, que está em funcionamento em todo o país. Em Porto Alegre na Região Metropolitana, 10 mil telefones estão cadastrados.


Ao mesmo tempo em que atende a população, o app pode ser acessado pelos órgãos de segurança para uma análise das ocorrências registradas. A ferramenta, disponível nas versões Android e iOS, funciona de forma colaborativa e permite apontar os locais mais críticos em incidência de crimes.


— A segurança de uma comunidade depende da consciência e da participação da sociedade — afirma Gustavo Caleffi, diretor da Squadra - Gestão de Riscos, empresa que desenvolveu o app.


A ferramenta tem entre as funcionalidades comunicar situações de perigo, ter acesso a telefones de emergência e usar chats com troca de mensagens com outros usuários. O aplicativo também serve para emitir alertas em acontecimentos como incêndios, acidentes de trânsito e desastres naturais.

domingo, 6 de maio de 2018

NOSSA ESTUPIDEZ




COMENTÁRIO DO BENGOCHEA. O POLICIAMENTO COMUNITÁRIO É UM TIPO ESPECIAL DE POLICIAMENTO OSTENSIVO. Para que este tipo de policiamento tenha o sucesso esperado por todos, é essencial que haja ma forte complementação com políticas sociais continuadas, legislação respeitada e a autoridade do Sistema de Justiça capaz de prevenir o crime, coibir, punir e dissuadir novos crimes, fazendo com que a própria comunidade acredite, confie e possa colaborar com a ordem pública através dos costumes.

"Não há um desejo comunitário de segurança. E quando as manifestações aparentam ser comunitárias, elas são capturadas pela radicalidade da direita e esquerda". Murillo de Aragão



REVISTA ISTO É, 04/05/2018

Nossa estupidez

MURILLO ARAGAO


Para Mauro Paulino, diretor do instituto de pesquisa Datafolha, a segurança pública será tema central das narrativas eleitorais esse ano, ainda que a economia continue a ter importância e influência no processo. Ele tem razão, porque a sensação de insegurança nas cidades aumentou, apesar de, paradoxalmente, terem surgido boas notícias aqui e ali.

Em São Paulo, por exemplo, houve queda significativa (de 5%) no número de homicídios dolosos em 2017, na comparação com o ano anterior. Na verdade, a taxa de homicídios no estado vem caindo consistentemente desde 2001, mas o ex-governador Geraldo Alckmin não conseguiu nem divulgar esses bons resultados nem fortalecer a sensação de segurança nas ruas.

Já os acontecimentos verificados no estado do Rio de Janeiro e em outros estados apontam para uma realidade dramática. Conforme levantamento do Instituto Paraná de Pesquisas divulgado em janeiro, para a imensa maioria dos brasileiros — 67,9%, para ser preciso — o nível de violência aumentou nos últimos anos.


No Rio de Janeiro, a violência urbana era crescente antes mesmo do Carnaval desse ano, quando se intensificou.
Nem mesmo a intervenção na segurança pública do estado, medida mais do que justificada tomada em fevereiro pelo governo federal, ainda que pontual e temporária, conseguiu diminuir a sensação de insegurança entre os cidadãos.

Assim, no debate pré-eleitoral, o tema vai ganhar corpo. Serão sugeridas iniciativas como a unificação das polícias, a criação de um organismo de inteligência de segurança pública, o fortalecimento da Força Nacional, a unificação das polícias militares em uma única força federal, entre outras.

Mas a questão que deveria ser debatida é que largas porções do nosso território não têm estado, nem governo, nem vigência de lei. Não há solução à vista, já que nem as elites — essas, quando não são corrompidas ou omissas, são delirantes em suas propostas politicamente corretas — nem a população em geral parecem interessadas na solução do problema para além da segurança pessoal.


No fundo, não há um desejo comunitário de segurança. E quando as manifestações aparentam ser comunitárias, elas são capturadas pela radicalidade da direita e esquerda, ambas autoritárias. Nossa omissão é nossa grande estupidez. Era assim também na Venezuela de Andrés Pérez e Rafael Caldeira. A elite, omissa e então interessada em produzir misses e ganhar dinheiro sem promover educação e emprego, deixou Hugo Chávez fazer o que fez. Foram viver em Miami. Deu no que deu.

Não há um desejo comunitário de segurança. E quando as manifestações aparentam ser comunitárias, elas são capturadas pela radicalidade da direita e esquerda